quinta-feira, novembro 16, 2006

5 comentários:

Unknown disse...

Interessante o teu texto. Estou globalmente de acordo. Em tempo fui favorável à despenalização do aborto (aquando do referendo em 1998), mas aprofundei a minha opinião e agora votarei não. Considero que a despenalização do aborto sem critério constitui uma grave contradição relativamente princípio da defesa da vida. É um princípio tão básico na sociedade que não devia ser aligeirado por dá cá aquela palha. E acho que se começarmos a transigir nisto, seguir-se-ão outros casos. E não pode ser!

tchitchilover disse...

Em primeiro lugar gostava de dizer que sou totalmente contra o aborto.

Em segundo que penso que a pergunta que nos vão fazer no referendo de dia 11 de fevereiro está incrivelmente mal feita.

E em terceiro que votarei SIM.

Para esclarecer a minha posição vou acompanhar o raciocínio do autor.

Quando começa a vida humana?
"por mais reduzido que seja o feto ele cresce ( logo tem vida), e, logo será humano"

Será é a palavra. Concordo que o limite é difícil de establecer mas não somos um ser humano desde a concepção. Após a concepção somos um conjunto de células. De uma passamos a 2, de 2 a 4, de 4 a 8, de 8 a 16 e por aí fora... Isto não é um ser humano. Isto são células. Não estamos a fazer ninguém sofrer porque um conjunto de células não tem pura e simplesmente sistema nervoso. E mesmo depois de se começar a desenvolver até que feto tenha noção de dor passará algum tempo. Ainda mais, Ser Humano tem inerente ao seu conceito uma consciência. Senão é apenas um ser.


O feto tem direitos de personalidade?

Esta parte dos direitos é especialmente interessante uma vez que a lei portuguesa já permite o aborto de fetos com trisomia21 até à 25a semana. Se depois de nascermos temos os mesmos direitos durante a vida intrauterina não me parece que seja exactamente assim e no entanto não vejo ninguém indignar-se com o assunto. Gostaria aqui de sublinhar que 25semanas é o limite mínimo para sobrevivencia pos-parto e aqui sim estamos literalmente a matar um bébé.

A mulher Grávida e o feto são a mesma vida?
"com certeza que não(...)até alguem me provar que eu sou a minha mãe, e a minha Mãe sou eu"

Bem, que tu e a tua mãe não são a mesma pessoa isso parece óbvio. No entanto, entre feto e grávida não é assim tão simples. O feto é totalmente dependente da mulher. Ambos partilham uma relação que os especialistas discutem entre comensalismo e parasitismo. Num comensalismo ambos os intervenientes beneficiam da relação enquanto que numa relação de parasitismo o hóspede é o único que beneficia e prejudica incluso o hospedeiro. Do que tenho vindo a observar ambas as relacões se alternam durante a gravidez.

Deixará de ser crime?
"Pelos vistos os defensores dos direitos da mulher e das políticas abortistas concordam que não serão criminosas as mulheres que abortarem voluntariamente"

Gostava de chamar a atenção para este ponto uma vez que é o facto que me faz não estar de acordo com a pergunta. Com a aprovação deste decreto de lei, as mulheres que optarem pelo aborto não deixaram se ser criminosas (aqui estás a fazer um erro de interpretação), elas continuaram a ser criminosas simplesmente não serão penalizadas pelo crime. Aqui está o meu desacordo. A pergunta deveria pedir uma descriminilização e não uma despenalização uma vez que deste modo estas mulheres continuarão socialmente a viver com o estigma de ser criminosas e abre-se precedentes para a despenalização de outros crimes.

Concordo com tudo o que disseste sobre o planeamento familiar e etc mas o que é certo é que tudo isto já existe há uns anos e as falhas são muitas. Um aborto não é uma decisão fácil para nenhuma mulher e penso que se no futuro melhorarmos todas as nossas condições sociais, este acto se irá evaporando com os tempos.

"Liberaização do aborto" é a expressão usada pelos movimentos defensores do NÃO mas vamos ser realistas aqui. Alguém acredita que uma mulher faça um aborto por puro divertimento? Fazer um aborto não é o mesmo que tomar uma pílula.

"Frívolas e inconsequentes" é o que chamam às mulheres que tomam esta opção. Agora eu pergunto-me: São estas as mulheres frívolas e inconsequentes que serão capaz de seguir um plano familiar?!?!

Acho que todos concordamos que esta é uma questão bastante difícil e subjectiva. Mas se temos dificuldade em decidir devemos dar aos outros também essa opção. E que escolham terão se ganhar o NÂO. Que subjectividade haverá nesse caso. Se votarmos SIM, pelo contrário cada um poderá fazer a sua escolha se infelizmente alguma vez o momento chegar. Eu caso me encontre com uma situação dessas provavelmente escolherei o NÂO, mas... Tenho eu o direito de negar aos outros essa "escolha"? Essa é a pergunta.

tchitchilover disse...

Já agora parabéns pelo blog. É sempre bom encontrar algo que valha realmente a pena ler. Muito bom!

Rui de Noronha Ozorio disse...

"Se votarmos SIM, pelo contrário cada um poderá fazer a sua escolha se infelizmente alguma vez o momento chegar."

A escolha é tão pessoal, que me faz uma certa confusão, que essa liberdade comece onde acaba a de quem ainda não tem opinião... faz-me lembrar aquele programa de televisao " o elo mais fraco", com a diferença que o concorrente não tempo para responder...


e 0brigado pelos comentarios...fico mto feliz quando vejo as ideias postas na mesa... a serem debatidas com seriedade

Rui de Noronha Ozorio disse...

"Após a concepção somos um conjunto de células."

Todos nó somos um conjunto de células. mas como dizes e bem para sermos seres humanos é preciso uma consciência. E acima de tudo uma alma! E essa está lá.


"a lei portuguesa já permite o aborto de fetos com trisomia21 até à 25a semana.(...)25semanas é o limite mínimo para sobrevivencia pos-parto e aqui sim estamos literalmente a matar um bébé."

é horrivel saber isso que desconhecia. A meu ver os números impressionam pelo tamanho do bebé a matar, mas também penso que esse bebé ja foi mais pequeno e o crime se torna igualmente horripilante



"O feto é totalmente dependente da mulher."
o ser dependente não torna nosso seja o que for. Imagina no caso dum deficiente muito grave que depende totalmente dos seus pais... será que os progenitores têm direito sobre ele como se fosse coisa própria sua? a mim soa mal esse sentido de posse...



"Com a aprovação deste decreto de lei, as mulheres que optarem pelo aborto não deixaram se ser criminosas (aqui estás a fazer um erro de interpretação)"

Não será um erro de interpretação. será pelo contrário, uma interpretação "praeter legem", visto que um crime só o é quando tem uma pena atrás de si... se não existir pena não ha crime: há lacuna de lei.




"Alguém acredita que uma mulher faça um aborto por puro divertimento? "

Não, claro que não! mas também não acredito que haja mães que matem os filhos ou os ponham em caixotes do lixo por puro divertimento... mas é crime, e os crimes têm de ser punidos... as razões que nos possam levar a faze-los podem ter atenuantes, mas nunca o perdão... seria a lacuna total num mundo tão sem valores como o actual. este mundo que tem o EU como primeiro nome e ESPELHO como nome de família...