quarta-feira, dezembro 27, 2006

A louca


Estou presa de tal maneira que só consigo abanar a cabeça de forma violenta... mas sou tão suave, de uma delicadeza que não suponho sequer. Gostava de ver o que se passa la fora, ver por detrás desta janela inexistente, quase como cavernas de Platão sobre sombras... a imaginação se descobre...
Mas não consigo senão abanar rapidamente a minha cabeça me entregando à loucura, esperando imagens horríveis de fantasmas que me levam a pontos de não retorno... Tirem-me estas algemas que não existem, arranhem-me com as unhas que magoam e me massacram, que não existem também senão nesta loucura que me invade a cada segundo... Levem-me para sempre este choro que não cessa...
Que suavidade... que Paz...
Estou sozinha na minha loucura e não quero ninguém... a não ser sempre estas imagens estranhas que me fazem abanar a cabeça como loucura que essa sim existe e não foge, algemas que se soltam e me fazem viver acelarada neste quadrado que me acolhe... ah... como é bom ser louca, como é bom não ver os podres do mundo grande, daquele que mata a céu aberto...



(photo by: David LaChapelle)

terça-feira, dezembro 26, 2006

Quem Sou?





Em busca do meu EU... que infinidade de trabalho!

( photo by : Joni Marques )

Acorda do Sufoco

Encontrei de novo todos de quem andava afastado. é interessante ver como as pessoas gostam de mim e o desinteresse que lhe dou. Afinal de interessante nada tem, a não ser o facto de me sentir uma besta. Gostava de por momentos não ser nada do que sou hoje, ou então só uma pequena parte, ou mesmo até só aquela parte de mim que arrasta montanhas, de tal maneira que me faz esconder atrás de máscaras, sempre a descer escadas que não acabam. E o melhor disso tudo é saber que quando olho à minha volta todos me abraçam com saudades. E eu continuo a fazer as coisas erradas. Encontro-me a chorar, caem lágrimas de uma saudade inesgotável que termina por momentos a cada afastamento. Tão estranho sentir falta quando realmente estou com as pessoas certas. Depois esqueço-me mais uma temporada. Chego à conclusão que não sei viver, e que se vivo é porque deveria corrigir tudo o que de mal faço. Estou numa situção de agonía que eu mesmo não consigo imaginar. Tenho tanto medo de ficar sozinho... Quero acordar rápido deste pesadelo, ter a força para voltar a ser quem sempre fui ao lado de quem realmente sempre está! é sufocante viver atrás de fantasias de carnaval. Imagino o meu fim sem ter começado. Acorda antes que olhes para o lado e não tenhas mais ninguém a não ser eu mesmo sem ser descoberto por mim próprio!

segunda-feira, dezembro 25, 2006

Obrigado Pai Natal

Saí de casa hoje de tarde e no caminho enquanto guiava não consegui conter as lágrimas. Senti uma memória penetrar-me tão forte. Há bem pouco tempo recebi o meu Pai em casa depois de 2 longos meses de internamento num hospital. Nesse dia foi Natal... e o Natal a mim chegou mais cedo, porque hoje recebi o meu Pai à mesa. Estavamos muitos no jantar, mas eu senti-me especial, apropriando um augusto e infinito orgulho por estar ao lado dele. Ou melhor, o presente não foi só esse, foi mais que isso: foi o facto de estarmos os quatro juntos, numa dimensão de Amor que deveria ser exemplo para todos. Os meus Pais que amo, o meu Irmão que amo e Eu que por eles sou amado!
Obrigado Pai Natal por este Natal antecipado... Obrigado por haver natal a cada segundo que amo a minha família...

quinta-feira, dezembro 14, 2006

Deixar correr

Qando a caneta corre sem objectivo confirmado tão somente pela beleza e tentativa de acolher algum tema que não existe no pensamento premeditado das coisas...
que delícia saborear todo este mel de procurar sem procurar algo que apareça pela leveza do espírito, sabendo muitas vezes que pouco ou nada se sabe sobre toda a imaginação que nos envolve neste raciocínio acelarado mais rápito que a própria sombra, que não a tendo existe de certeza... pois escrevemos e sentimos o mais sem sentido muitas vezes ou quase sempre com ele todo cá dentro...
Perdi-me entretanto ... já não sei o que dizer, mas contínuo a escrever na tentativa de algo aparecer e nascer como que brotando de flor virgem... uma mágoa sem pecado a pureza que não cessa abruptamente no absurdo de quem se encontra se perdendo...
A vida em nós tão escondida como que encontrada sem a razão que é própria de quem quer resultados, mas esquecendo-se muitas vezes que o resultado pode não ser agarrado ou entao que existe mesmo que não perceptível...
Deixar correr em boa hora sem pressa de acabar...
Tudo nasce e se desenvolve numa maratona sem fim... por isso me acabo por aqui... por isso me começo sem cessar no fim que se proclama!

quarta-feira, dezembro 13, 2006

Quase o sonho...

Sonhei outro dia que toda a gente me olhava por onde passava...
Fumava cachimbo e vestia uma boina preta e toda a gente tinha cabelo verde.
O interessante foi ver dias depois alguem assim vestido e eu não ter cabelo verde...
Perfeita desilusão!

terça-feira, dezembro 12, 2006

Espiral

Inicia-se um novo voo, numa noite iluminada, luz som de estrada em escadas que se acolhem em gritos tão altos como o meu próprio que não é meu, mas teu, sendo que eu sou tudo aquilo que és nesse grito cessante que não pára.

Rebento-te uma lãmpada incandescente num pedido de socorro, num abraço afastado onde o teu corpo volta a ser o abrigo imaginado para o vício das minhas unhas. Arranho-te! Arranho-te todo e toda nesse objectivo parolo, indecente mas sequioso, fruto de palpitações não racionais esventradas nas máscaras nossas dos caminhos que não começam nem acabam...

Onde não há limites nem possibilidades aparentes para recomeçar um novo ciclo de olhares agressivos e ácidos que me drogam numa alucinação arrepiante e vertiginosa como a sensaçaõ do teu sangue. Sabor enroscado no prazer do meu. Ai pára...





(cadáver esquisito de Red Beno e Ruy de Villa Real)

segunda-feira, dezembro 11, 2006

Resumo e análise do primeiro Manifesto Surrealista de André Breton de 1924

Exalta-se a palavra liberdade, não só a palavra mas tudo o que ela contém em si. A liberdade é uma aspiração legítima, a única. A liberdade da imaginação que não perdoa, que só ela dá contas do que pode ser, uma entrega total. A loucura também faz parte de todo este conceito de liberdade, como o próprio Breton diz : “foi preciso Colombo partir com loucos para descobrir a América. E vejam como essa loucura cresceu, e durou”.
O processo da atitude realista não é incompatível com uma certa elevação do pensamento, mas aquela atitude realista baseada no positivismo é hostil a toda a liberdade de criação intelectual e moral.
O autor acreditava que ainda se vivia no império da lógica em que o racionalismo absoluto era moda não permitindo mais do que relações estreitas à nossa experiência... um mundo despido de superstição e de quimera. Mas essa quimera, esse sonho existe estranhamente por isso também há todo o interesse em captá-las e submete-las ao controlo da nossa razão.
Esse sonho foi alvo da crítica de Freud, mas antes dele inadmissivelmente nuca o sonho tinha recebido a atenção devida e merecida. O sonho é contínuo e possui traços de organização. Há uma necessidade de nos vermos no sonho para nos entregarmos aos sonhadores. Devemos conceder ao sonho o que recusamos por vezes à realidade. Envelhecemos, talvez, porque somos indiferentes dedicados ao sonho; o espírito do sonhador é de satisfação com tudo o que lhe acontece. Devemos acreditar no sonho e na realidade, tão contraditórios aparentemente, como uma espécie de realidade dogmática, de surrealidade.
Breton tinha a sensação que a velocidade do pensamento não era superior à da palavra e que ele não desafiava forçosamente a língua nem a caneta que corria ( automatismo psíquico). Pelo contrário o resultado é muita emoção, uma escolha de imagens que nunca teria sido capaz de preparar, um pitoresco muito especial, um absurdo imediato relativo ao legítimo do mundo.
Em homenagem a Guillaume Apollinaire, foi inventada a palavra surrealismo para designar o modo de expressão pura para beneficiar os amigos. O surrealismo é definido como “ estado puro, mediante o qual se propunha transmitir verbalmente, por escrito, ou por qualquer outro meio o funcionamento do pensamento; ditado do pensamento, suspenso qualquer controlo exercido pela razão, alheio a qualquer preocupação estética ou moral”. O surrealismo repousa sobre a crença na realidade superior da omnipotência do sonho, no desempenho desinteressado do pensamento.
Mas quais os segredos da arte mágica do surrealismo? Utensílios para escrever, lugar mais favorável ao espírito, estado passivo e receptivo de talentos, pensar na literatura como um caminho triste que leva a tudo, escrever muito depressa sem assunto preconcebido ( tão depressa para não reprimir nem ter a tentação de se ler o que se acabou de escrever), confiar na fonte inesgotável do murmúrio.
A linguagem foi dada ao homem para este fazer dela um uso surrealista. Muitas vezes podemos utilizar palavras de que já nos esquecemos o sentido, e quando olhamos para elas estão exactamente no sentido pretendido.
O surrealismo não permite a todos os que a ele se entregaram , que o abandonem, tem o efeito de estupefacientes, um estado de necessidade e de vício que pode levar o homem a revoltas horrorosas. Como o haxixe, o surrealismo serve para satisfazer todos os delicados, não sendo apanágio só de alguns. As imagens do surrealismo são como as imagens do Ópio porque não as conseguimos mandar embora, há uma ausência de faculdades e de vontade.
A atmosfera surrealista presta-se essencialmente à produção das mais belas imagens na mais bela das noites, “ a noite dos fulgores” ( “sobre a ponte o orvalho com cara de gata sem embalava”).
O espírito que mergulha no surrealismo revive exaltado a melhor parte da nossa infância, a etapa que mais se aproxima da vida verdadeira.
O surrealismo declara bastante o nosso não conformismo absoluto. É o raio invisível que um dia nos fará vencer os nossos adversários.

“VIVER E DEIXAR DE VIVER SÃO SOLUÇÕES IMAGINÁRIAS. A EXISTÊNCIA ESTÁ NOUTRO LUGAR”


Depois de uma leitura atenta e interessada surge a tentação de me entranhar pelo mundo do surrealismo, faze-lo continuar em vez de o matar como movimento dos anos 20. O automatismo psíquico e toda a quimera que faz de nós homens crianças, capazes de sonhar mundos melhores e viver neles com a intensidade de quem se eleva, não permite que sepultemos o que não pode ser sepultado... será racional? Então me manifesto nos anos 20, como em paisagens vividas outrora no momento em que me acho agora!

terça-feira, dezembro 05, 2006

Almofada

Tento suportar a solidão de uma almofada, tento fechar os olhos com força... a imagem aparece como que um pedido de ajuda...
Aqueles olhos velhinhos a sorrir!
Que insuportável imagem de dor, que masoquismo este
chamado recordação...
A memória serve para fazer chorar de alegria e de tristeza... por vermos apenas no sonho e no fechar de 0lhos todos aqueles que já estiveram ao nosso lado em abraços que pareciam eternos...
em vez da almofada a que me agarro sozinho!

terça-feira, novembro 28, 2006

Agradecimento a um Charro a meio da manhã

Bate um vento claramente, ou melhor, não bate nada... nem o vento pela calçada que me acolhe. Tenho ventos em que vi tempos sem espaço, um telhado apenas com protecção de estilhaço.

Ela bate com força enquanto tomo o café, o café diz a chávena em tom de creditação do nome, como se fosse necessário um embrião de letras para o provar!

Ah que digo eu?!
Mil nuvens me atacam, que me apetece escrever mal para fazer guerra ás gramáticas, que são escolas e prisões de engenheiros da escrita!

Quem lhe deu autoridade?
Eu não! Nem darei!
Apenas direi escrevendo que não direi absolutamente nada, porque não nasceu ainda quem compreendesse o absurdo e a liberdade!

domingo, novembro 26, 2006

Mário Cesariny

A Pena Capital Queimou a cidade...
O Poeta morreu
na presença eterna do sonho que escreveu...

quarta-feira, novembro 22, 2006

Poema

Café
Fumo
Alcool
Sonho



O Artista
nasce do fumo
da geração espontânea do vício
da arte

Sim!
O vício da arte
Racionalismos esventrados
pela sensibilidade do Poeta



O homem deixa de o ser
quando nasce o Artista

A cara multiplica-se
nas máscaras da Poesia
Ah a Poesia... do Café do Fumo do Alcool e do Sonho

A Poesia A Poesia
O Poema

Abandono

Uma rua abandonada na calçada caminha por entre sombras do que já foi erguida.
As paredes escuras e sujas pelo tempo são lavadas pelas lágrimas da chuva, que fazem suar a rua com medo do abandono instalado!

Oh Solidão!
Poucas pessoas são as que te pisam, rua sozinha!

Que amargura é esta que busca quem passa tão somente para te pisar apressadamente?
Uma calçada que chora em prantos de vivos mortos, esperando a noite que sonha na presença das prostitutas, dos marginais, dos homens sozinhos, dos inspectores de ninguém!

Oh rua abandonada nas pedras da calçada fétida de mortandade... chora...
Chora alto a tua Solidão!

Ri-te Palhaço

Que tristeza tão grande é capaz de suportar uma gargalhada?

O Palhaço levantou-se da cadeira e começou a andar depois parou depois andou depois parou e andou ou andava parado ou parando e parado andava como que caminhando com desgosto para falsear uma gargalhada que roubava outras gargalhadas que pagavam para o ver rir chorando ou tão somente chorar a rir para não chorar diante de gargalhadas que riam sem saber que lágrimas de uma dor imensa gotejavam em cascata por entre as pedras moles da sua alma.

Entretanto o Palhaço parou diante do espelho e viu um rio um mar um rio com ondas e um mar de água doce... e soltou uma grande gargalhada... a gargalhada ecoou tão alto de tal maneira que o rio agitado secou e o mar parado cresceu

O Palhaço morreu e o seu publico Chorou... mas chorou porque pagou a gargalhada porque no dia seguinte ninguém se lembrou das gargalhadas das pedras moles que choravam do saltimbanco que parado andava e que andando parava

Ri-te Palhaço
Ri.te agora que nasceste!

quinta-feira, novembro 16, 2006

sexta-feira, novembro 03, 2006

Que Verdade ... Que Mentira ...

Ando no Sonho como um cavalo livre, galopando por montes e serras de algodão, saltando obstáculos de relãmpagos num espectáculo de luz com sabor a desconhecido.
Quando o meu coração se abre ao som da visão, sinto a realidade que me penetra, sufocando e libertando como o galope a cavalo do sonho em que dormia.
A Verdade surge na universal pessoalidade da circunstância. A Verdade é espelhada na constância de tudo o que é inconstante, até mesmo na Verdade da Mentira...
Mentira: essa não verdade verdadeira que mais não é que uma tentativa de representação em palcos de teatro de tudo o que é verdadeiro.
Penso na Verdade como uma Mentira: a imposição de teorias normativas ditadas pelo senso comum.
Quero libertar-me e romper ferozmente todas as algemas interlaçadas que nos fazem acreditar que a verdade não é a mentira instalada e aceite. Quero fazer a apologia da Mentira enquanto verdade! Mas então serei verdadeiramente mentiroso e igual a todos os que querem fazer da Verdade a instituição a seguir!
Por mais que queira ser diferente ao aceitar a mentira como verdade, serei também o cavalo de batalha que outros foram para justificar o contrário daquilo que digo.
Assim prefiro voltar ao sono, e andar nele como um cavalo livre, galopando por montes e serras de algodão...
Que Verdade esta Mentira!
Que Mentira esta Verdade!

quinta-feira, novembro 02, 2006

Textos Dum blog esquecido... o meu primeiro!


Ás vezes fico com vontade de desistir de tudo... fico a pensar se não me estarei a iludir! Podias mostrar mais afecto, podias mostrar que eu sou importante, mas tens reacçoes que me fazem sentir o contrário, me fazem sentir mais um no meio de milhares!Nunca pensei amar assim alguem.... nunca imaginei sequer ficar assim tão dependente de alguem como estou de ti! sinto-me uma pena que precisa de tinta para poder escrever tudo o que sonho, o que desejo... apetece-me voar rente a um mar de sentimentos e mergulhar em espumas de paixão! É dificil dizer aquilo que sinto por ti, mais dificil será mostrar isso tudo, é dificil porque me sinto pequenino quando a vontade de te beijar desabrocha como flor, como uma flor k sente k deve nascer a todos os segundos de uma respiraçao acelarada!Mas sabes... por mais que eu queira desistir de ti, mais tentadora ficas, mas inesquecivel te tornas... mais teu me transformo... com mais intensidade te amo!
Monday, April 18, 2005

Sinto que passo por ti, não aquele que passa ao lado, mas aquele passo que penetra na tua essencia de espírito á deriva, que precisa de me ver de uma maneira que quer mas não pode! Sinto que gostas, sinto que queres que goste tambem, sinto que sabes que gosto sempre com medo do não ser verdade! Sinto que quando te toco preciso de um beijo, aquele beijo de mel que estás á espera que to ofereça... Mas sabes uma coisa?VEM CÁ ROUBA-LO!!!
Sunday, April 10, 2005

Porque razão andamos aqui? Só deviam ser admitidos na vida aqueles que fazem alguma coisa... alguma coisa que valha a pena para o crescimento saudável da cabeça e da alma! A inutilidade é viciante e mortal, a inércia sua filha e mãe de todos os vegetais humanos, que podendo remediar aquilo que não fazem, sentem o prazer orgasmico de nada fazer! De repente ha uma vontade de fazer alguma coisa, mas quando chega a hora, vamos ser irresponsaveis, porque não ha força de vontade! Esta é a sociedade de hoje, a sociedade marcada pela imitação ridicula da ridicularidade da vida cor de rosa, daquela vida que tem interesse para os desinteressados de viver! Tudo é fácil... tudo se arranja... mas realmente quando vamos abrir a nossa caixa da vida, só encontramos pó e vento! e já está na hora de morrer, de partir para o desconhecido... impotentes de fazer aquilo que interessava, porque nesse preciso momento em que descobrimos a força de mudar o rumo, normalmente toca a badalada do ultimo suspiro!
Tuesday, March 29, 2005

Tenho a ideia de que o poder da sugestão está em nós se nós quisermos que ele lá esteja... gosto de saber que penso aquilo que estas a pensar, sendo que o que estou a pensar é aquilo que possivelmente queres que eu pense... isto é aquilo que queremos os dois pensar mas temos medo de não estarmos em conexão de pensamento.... sendo que na realidade estamos! Agora só nos resta mergulhar numa inconsciencia consciente, numa aventura de jogos e palavras que querem dizer verdades e roçam subtilmente aquela verdade verdadeira, que parece indecente se for dita directamente...um atrevimento que so sabe bem escondido na subtileza da gramática! hummm... apetece-me mandar um berro, mas axo k apenas o vou gaguejando aos poucos... é assim que queremos... é assim que vai ser, até ao dia em que a subtileza ja seja demais evidente...
Wednesday, March 23, 2005

As vezes fico a pensar... faz tao mal pensar! temos é de viver as nossas vidas sem o pensamento por perto, essa maquina de racionalismo, k nos tira a juventude! devemos é sentir.... nadar no coração e fazer akilo k nos vem bem de la de dentro... todas as inconsciencias k sao o condimento ideal para viver....
Friday, March 18, 2005

Que delirio, que delicioso... esta busca para encontrar os meus braços, que se perderam por esse mundo a espalhar dedinhos de magia, momentos especiais, momentos que ficam, nos provocam o riso mesmo quando tudo parece não fazer sentido... puhhfff... que delírio, que delicioso...
Thursday, March 17, 2005

Olhar brilhante...
Gosto de olhar as pessoas, de fixar o brilho dos olhares... uns enevoados, outros bem limpos...Através do olhar, vemos o verdadeiro EU, aquele que sem palavras não nos consegue mentir! Aquele, que como água, nos leva na forte corrente do conhecimento dos pensamentos e das condutas.Chego a uma conclusão: Nós podemos ser tudo aquilo que queremos e que não queremos... podemos ser tudo aquilo que existe, pois aquilo que é, foi criado para ser usado. E á medida que vamos crescendo, vamos tomando nota de tudo o que a vida nos mostra e entrega... E aí, enchemos os nossos olhos de vários brilhos, e, como actores que somos, vamos representando os nossos papéis enquanto existimos... Guiões? os BRILHOS DA VIDA!

quinta-feira, outubro 12, 2006

Carta para o meu Pai

Pai estive a falar com Deus.. e trago boas notícias!
Muitas vezes não entendemos porque acontecem determinadas coisas, injustas, crueis e tentamos pedir justificação de tudo... quando temos acima de tudo de pedir força para ultrapassar a situação por mais grave e dolorosa que ela possa ser..
Deus disse-me que o Pai se vai safar desta doença, porque o Pai tem uma força sobre humana, uma Fé que não tem fim, uma Família que o ama muitissimo e que quer viver muitos anos ao seu lado, a rir, a chorar, a sorrir e a vencer.. Todas estas lágrimas que tenho deitado sao medos a fugir e forças a surgir!
Pai muita força... tenho saudades do pequeno almoço na cama...
um beijo enorme de quem o ama muitissimo
Seu Filho, Rui

quarta-feira, outubro 11, 2006

Ti Maria

Paraliso uma imagem dum espectro estranho que ri, que aparece por entre passos inexistentes ou voadores numa manhã raiada pela chuva. Ergue-se diante de nós uma mulher curva e gasta pelo tempo e pela dor da perda, debruça um sorriso gigante que nos faz sentir pequenos. A imagem de uma solidão assistida atira-nos para uma imensidão do nada!
Maria Augusta Silva Neves, 89 anos, natural de Leça da Palmeira, ex- funcionária da Pide, Mãe de 4 filhos, um deles morto no Ultramar num acidente de viação, uma mulher sozinha, um anjo que desceu para nos contar a verdade, Prima do Ferreiro Pacheco e companhia diária de 25 mortos a descansar e a ouvir nos seus 25 jazigos!
Um sorriso ocupa a sua cara. Encontra em dois irmãos uma companhia temporária típica do surrealismo das 7 horas da manhã. Tudo isto antes de tomar a cevada entre quatro paredes frias que murmuram a sua morte!
Dona duma vontade enorme de falar com quem pode responder, falou e calou o espírito de Dois Irmãos senhores do nada nesta vida! Que sentimento mau, que nojo senti de mim mesmo por ser um príncipe do vazio e um soberano da inércia...
Falei mas ouvi mais... havia uma necessidade grande de responder com um sorriso grande de quem se descobriu naquele momento! Todas as palavras seriam ridículas se ditas por mim...
Ouvi, senti, Cheirei as lágrimas do meu Irmão e disse Adeus á Ti Maria! O Anjo ao relento das gotas da Chuva que nos ensinou a ver o mundo para os outros...
O EU... naquele momento era cinza levada pelo vento... infortúnio de quem o respirar!
Maria Augusta Silva Neves entrou na sua casa fria, tomou a sua cevada, rezou para que a filha a viesse buscar... mas ás 9 horas 25 jazigos de companhia alegravam-se pela sua visita!

terça-feira, setembro 19, 2006

A minha irmã Solidão

Encontro-me sozinho neste espaço de ninguem, esperando que possas aparecer. Espero sem cansar as pernas, os braços, sem esgotar a paciência. Sinto-te cada vez mais longe se perto.. A ância de te ter tornou-se numa obcessão fria e cruel que me turva os ossos e me petrifica o cérebro, mas não esgota as correntes fortes do meu coração.
Caio num sonho, numa ilusão estranha.. meu amor!
Um jardim feio e podre se desenha, uma casa velha e de uma imponência elevada se ergue, como se espectros de mortos-vivos vagueassem noite e dia sem que todo o breu perca a sua poderosa aparência.
Sou o fantasma de mim mesmo, não aceito a minha desgraça, apareço altivo ao cimo de umas escadas mortas pelo tempo, em vestes alvas como se quisesse mentir á minha alma que não tinha morrido antes do tempo..
Meu amor não sei quem és.. só conheço o meu próprio silêncio! não.. não posso aceitar a morte que me ocupou... vejo-me em retratos que ecolheram a minha imagem que sempre foi grande! Queria tanto viver e já não me restam forças para agarrar a vida!
Cheguei ao ponto do não retorno e imagino na solidão da noite um amor que não conheço, alguem que abraço a tempo inteiro numa ilusão que não cessa!
Vou dar um ponto final a esta batalha, a esta imaginação, a esta esquizofrenia que me faz sonhar em algo que não terei, e me faz criar em sonhos uma imagem que não vivi mas sonhei!
Quero Fornicar a morte... está decidido! A solidão ganhou a guerra e caio morto com a imagem de mim mesmo... aquela imagem que me acompanhou a vida inteira! a minha irmã Solidão..

quarta-feira, setembro 13, 2006

O mundo

Estás na expectativa que uma magia te surpreenda com o que escrevo... Esperas sentado por algo que te fascine nas linhas que se seguem...
Ilusão! Fascina-te apenas com o que se passa na rua, saboreia o cancro que absorve a humanidade, que transforma os homens em sacos de aborto, em doenças que cegam num branco altivo, frio e amargo. Absorve todos os que vagueiam... prostitutas, vadíos, proxenetas, poetas, fadistas, cornudos e malabaristas, e os que comandam como generais egoistas... o patrão que come a criada, o fedor que respira o próprio ar numa sede de matar todo o próximo que se avizinha. Será este o nosso mundo? Aquele que deu á poesia o lugar do realismo seco e cruel? O nosso mundo será aquele mundo dos sonhos, sonhos impostos por uma cultura que nos dá leite e mel como presente de funerais? ou será o mundo do purgatório? dos juizos humanos e divinos... Não há direito de o mundo nos ser imposto sobre uma forma ou outras que foram já teorizadas. O mundo gostaria que fosse apenas isso mesmo... o mundo!

terça-feira, setembro 12, 2006

Sou o Pássaro que fui

Gostava de ser um pássaro! Disse-o muitas vezes quando a ingenuidade me era própria. Cresci... por mim, a ver os outros, a pensar, a sentir, muitas vezes algemado ao que ainda hoje não posso dizer, cresci a magoar-me, a rir, a sorrir, cresci a masturbar-me a pensar no que mais existe de proíbido na sociedade raquitica em que cresci... Cresci a sentir o mar em mim, a beijar o sol no seu coração, a deixar-me envolver sexualmente com o vento! Cresci a viver os podres do mundo, os tumores duma sociedade que mata, que é tóxica e venenosa. Cresci a ouvir dizer mal do comunista e do fascista, cresci a pensar que a puta se vende e não chora, que abre as coxas para o porco que lhe estende as notas e lhe paga com as doenças que não terminam, cresci a viver a harmonia duma familia feliz enquanto que a vizinha do lado chorava por um amor que não vinha, cresci a brincar sem ter noção que outras crianças tinham brinquedos de fogo nas mãos, Cresci a acreditar em Deus e no Diabo, na postura da igreja, cresci a sentir o beijo do amor... Cresci por tudo isto e pelo resto, pelo mal e pelo bem... mas o que me alegra é que continuo a crescer apenas por me sentir uma criança! Então serei um pássaro como sempre fui!

Pedro

OBRIGADO! Na simplicidade das palavras se encontram as pessoas que mais amamos...

sexta-feira, setembro 08, 2006

Para ti meu Irmão

Algo se apodera de mim com uma força capaz de arrastar as correntes fortes do mar que se agita a cada bocejo da humanidade. Vidas anteriores se levantam nas recordações que não existem. Um anjo entrou dentro do mais profundo suspiro e permanece lá como guardião de toda a minha existência.
Cada dia que envelheço, vejo pairar em lugares de sonho passado, uma criança que anda de baloiço, que constrói um puzzle que não termina.
Cada segundo que respiro sinto que ainda me guardas. Sei que não me deixas sózinho neste mundo branco que se instala no espaço não vivido.
Uma irmandade de dois irmãos que se encontram num passado de hoje.
Amanhã vou olhar para ti, como todos os dias do presente, e abraçar-te o peito frágil, beijar-te a boca em vermelho macio...
e dizer tudo o que te devo pelo sangue que nos une : Obrigado!
A porta do carro fecha...
Amanhã um novo dia!

Caminhos de vida!

A vida acolhe-se numa árvore! Uma árvore que cresce frondosa... até que um dia se apercebe de todas as bifurcações que criou... é o dia de dar cor ao mundo ou de morrer mirrada no cinzento!

quinta-feira, setembro 07, 2006

Conversas contigo

1 - Acordei dum sonho! Está tudo em tons de verde escuro como se o mundo fosse uma grande azeitona! O sangue corre nas veias e tudo parece normal... Vou voltar ao mundo dos sonhos e provavelmente vou sonhar com algo que não recordarei! O mundo encerra por umas horas, mas desta vezem tons de cobre. É provável que seja do cinzeiro onde esmago o cigarro que me viola a garganta!

2 - Velas que se apagam, que se acendem, um rodopiar de luz que entra em mim como uma alma que penando possui por inteiro a partee o todo! Rasgam-se véus, entram sugando o sangue até tudo secar. Paz... invade, guerreando com setas de cupido na harmonia plena que acolhem! Quero sentir, chorar, viver, morrer... por TI!

3 - Está um jardim no tecto! Olha e mija-lhe em cima! Não suporto ver o chão pisar-me! Se for o caso, então que pise mijado! Mal por mal... O mal inteiro!

4 - Entras em mim como chagas que ferem, fundição de fogos e fogueiras da inquisição, que transportadas no tempo, fazem de nós monges calados, que ao som da própria flagelação, emitem todos os uivos e gemidos na cor do choro sózinho, calado pela medieval modernidade que se instala! Veio e não vai... Fica e mata! Mata, mata, mata... mat ma m ...

5 - Um cogumelo está a nascer ás escondidas atrás da parede! Não comentes! Observa e cala... Ele vai agradecer a protecçao da fúria dos predadores... Os seres que nos rodeiam!

6 - Um abraço! Um beijo... Intimidou, intimida... Sinto um calor que me corre nas veias a borbulhar com um aroma e sabor a vermelho, laranja e amarelo... Tudo me aquece como a lareira que acompanha no inverno e que temos o cuidado de não deixar apagar... Es a lareira que não apaga, que já existia antes da existência... Obrigado! Dorme bem *

terça-feira, setembro 05, 2006

Surpresa

Todos os Sentidos te acolhem desde o momento em que te vi, desde o momento em que te reparei, desde o momento em que te olhei!
tento sufocar e acabar com eles... mas a magia de um amor estranho transforma a normalidade de tudo o que já foi teorizado pelos outros, pelos seres, que como toiros, marram nas teorias dos antigos!
E entao...
Fecho os olhos e vejo-te!
Cerro os ouvidos e ouço-te!
Amarro as mãos e toco-te!
Seco a lingua e saboreio-te!
Prendo a respiração e sinto o teu Cheiro!

Por mais que negue os sentidos, tu apareces... e entras em mim como não entra mais ninguem!

Caio num berço igual ao teu
Ao olhar um espelho que te reflecte...
Desde que a tua imagem apareceu
Intenção de Deuses e demónios nos juntaram
Lembrando vidas já passadas
harpas tocando guerra e paz
Envolvendo tudo o que sentimos, tudo o que vivemos...

Agora que entraste na minha vida... não saias dela!

terça-feira, julho 25, 2006

Frederico Nietzsche

Nietzsche...
Frederico matou Deus... "Deus está morto..."

mas Frederico esqueceu-se duma coisa...
Que no dia em que Frederico Matou Deus... acabou por celebrar o seu Nascimento.
Quando pensamos em algo... imediatamente ele passa a existir...

e Frederico não contou com isso...
inverteu contra a sua vontade as leis da vida...
contrariou contra a sua vontade toda a sua teoria...

Frederico ao matar Deus... realizou o Parto mais discutido da História da humanidade!

um ciclo ciclico circular...

Quero pensar, perceber porque existe esta mania de tentar pensar e perceber o que pode ser tao pensado e percebido numa tamanha percepção perceptivel de quem acaba por nao pensar pensativamente que o pensado pode passar pelo imperceptivel de não se pensar!

Entro nesta merda...
não saio dela...

Vou continuar a pensar e perceber ou a pensar que posso pensar no que se percebe... uma luta infinita no impossivel do possivel...

conclusão: sou portador daquela esquisofrenia própria de quem pensa e percebe o que pensa que mais ninguem consegue perceber...

Um ser humano igual a tantos outros...
Ser pensante, perceptível... mas inutil!

domingo, julho 23, 2006

AMORIZADE

O amor tem histórias que não se explicam...
evoluções que não se esperam...
cumplicidades que desejamos sempre...
Formas diversas e únicas... que conseguem fazer dele aquilo que ele é...
Amor...
palavra tao reduzida para o infinito que acolhe...

Estás na minha vida para te amar...
estou na tua vida para me amares...
amo-te e te amarei sempre...

Evolução...

Tudo evolui...

O nosso amor cresceu...
e fizemos, fazemos e faremos dele a melhor amizade...
akela amorizade...
própria de quem ama!

Eu e tu... sempre!

Encontrei o meu Norte

Sinto os teus beijos...
doces... possuídos de alguma timidez...
timidez própria de quem se guardou para mim... numa vontade absurda e perfeita!

Preciso de te ver... de te tocar... de te sentir a tempo inteiro como um relógio que não pára e me consome em plenitude...
uma asfixía saudavel
uma asfixía onde se respira melhor e mais intenso...

Quero estar contigo...
quero deitar-te e fazer-te sonhar como eu sonho,
acordar do teu lado
sentir o bater do teu coração...
um bater rápido e excitado que me leva aos céus...

Em mim o norte perdeu-se
em ti me desnorteei
em nós... sinto k no desnortear das paixoes encontrei o meu norte...
e o meu norte...
sim...
És Tu!

quinta-feira, julho 13, 2006

Quem és?

Jamais na minha vida vou amar alguem como te amo...
outro... sou outro depois de te conhecer...
sinto que nada mais faz sentido senão amar-te incansadamente...
é tempo de viver agitado no que sinto.

Altivo apareces em aparências
unido estou a ti... como uma medusa que agarra e suga...
gostar saboreando todo esse teu corpo que me aquece...
untando a mim todo esse suor que me incendeia
sempre...
Tantas vezes no espaço e no tempo do sempre
outros tantos beijos de fogo surgem e me invadem...

Corpo, alma... o todo...
amo senti-lo até e apenas no toque
rebolar em extase constante
vendo e sentindo o pleno do plano não planeado do inseguro de te
amar...
Lingua suave em encarnado espírito
harpas descem dos céus...
o inferno do pecado chama por nós...

Dava tudo para te ter comigo...
Antes do dia acordar... e da noite adormecer...

Fusão de corpos
órgias de sentimentos...
Nuvens que passam depressa...
sem medos de viver no intenso... imenso
Enredo de realidades não perceptiveis ao ser pensante...
Cada dia quero que sejas
a pessoa que tem o nome de todo este poema...

Sem palas

Subi a um Monte...
Alguem me chamou até lá...
Quando cheguei ao topo não estava ninguem...

Desci o Monte...
Ninguem me chamou até la...
Quando cheguei ao fim não estava ninguem...

Senti-me só
senti-me sózinho...
senti que o mundo tinha acabado...
e que a minha vida foi toda... um subir e descer em escalada continuada e ridícula...

Não sabia, ninguem me ensinou...
que deveria ter olhado para os lados...
porque viver... na vida simples e perfeita...
é sem palas hierárquicas...

a pirâmide caiu do sonho...
eu caí do cume do Monte...
mas foi caindo que consegui ver em volta...

e lá estavam todos á minha espera...
aquelas vozes de alguém e de ninguém que me invadiam os ouvidos e o coração... transformando-se a todo o momento em vozes imaginárias...

estava tudo lá...
á espera... e na esperança...
que eu pudesse morrer para nascer...
e perder para me encontrar...

Ao correr da respiração...

Gostava, por momentos, de parar de pensar...
Sinto os braços pesados de todas as correntes que arrasto na vida...
quero rasgar a roupa
quero que tudo arda
quero e não quero, mas é não querendo que continuo a querer... indecisões!

O que é a vida , senão um mar de ondas encapeladas,
de correntes e contra-correntes agitadas
de vermelhos de fogo e laranjas de sol...
o que é a vida... se nao esses momentos, esses gomos de respiração acelarada, que nos entra sangue dentro... numa corrida que não acaba...

Não acaba?

que ilusão...

A vida pode acabar mesmo que respirando...
a respiração pode ser morta mesmo que acelarada...
e caio neste absurdo real ou neste real absurdo
de absurda ou realmente acreditar no que estou a escrever...

sinceramente...
ja não sei o que escrevo...
afastei-me do que queria dizer... ou possivelmente não me terei afastado...
apenas segui o correr do pensamento
que vai abrindo janelas a todo o momento...

e volto ao início...
gostava de, por momentos, parar de pensar...
é tão fascinante acreditarmos no impossivel...
e a vida está aí mesmo...

nesses espaços em que acreditamos poder fazer algo que realmente não podemos... ou podemos?

voltei...
ao absurdo...
e, por isso... ao real...

não saio deste circulo grande ...
mas ainda bem...

o sangue continua acelarado... e faço por viver...
não morro...
direi...
que nao morrerei...
na vida que se mascara de morte em carnavais diários...

terça-feira, julho 11, 2006

A lua cantou...

A noite continua alta...
Fumo um charro por entre a luz da lua...
O fumo vai-se perdendo numa corrida aos céus...
E a lua vem até mim de braços abertos...
Vem para me alcançar, me abraçar, me envolver...

A lua chegou...
Falou comigo e cantou.me cantigas de embalar...

Quando adormeci...
O sol ja raiava... e a lua...
A lua ainda respirava ao meu ouvido...
Akele sussurrar de quem se despede...
Mas que promete voltar...

Até amanha...
Vou sonhar em sonhos de luar...

Carta para ti...

Escrevo para ti...
Escrevo porque é a minha maneira de pintar um quadro sem ser pintor... mas por ser amante!

Ser amante do Amor...
pintar... escrevendo todo aquele suor, todo aquele sorriso constante, todo aquele brilho nos olhos que rompe do meu mais profundo sentimento...

Sentir todo o oceano de indecisões, de sonhos com nuvens e nevoeiros, de sonhos com luzes que preenchem a alma...

Sinto saudades de te ter em mim, de nos termos um ao outro... de sermos um só em fusão imperfeita de perfeição...

Sei que não me podes amar mais do que eu a ti... mas fico feliz por ser alguem tão especial no teu mundo... nesse mundo onde choras e ris... nesse mundo que é o teu coração!

Sonho com uma vida feliz...
Mas muitas vezes esqueço.me que a felicidade são aqueles momentos que vou vivendo do teu lado...
E em vez disso... sonho com uma imagem perfeita... algo que não evolui...
Porque o verdadeiro amor está na incompletude que se vai completando sem nunca se completar durante a caminhada no mundo dos vivos...

E reparo... que o Amor que sinto por ti vai para além daquilo que sonho...
vai além duma vida estável...
Esse amor cresce nos momentos de dúvida...
Nesses espaços que vão clareando o caminho com uma cegueira que dá nó no estômago!

Agora sinto a tua falta...
Não a falta do teu Amor
Mas a falta da tua presença!
Isso são Saudades...

daqui a pouco vou-me deitar...
vou sonhar...
e quando acordar vou-te ter do meu lado...
a abraçar-me como sabes...
como eu sei...
como queremos!

Mascara que sou

Andas pela calçada, de cabeça baixa, num mundo de ditaduras emotivas... onde o amor é cativo da sua própria liberdade...
Andas pela rua, em busca do mar, de ver ondas agitar em correntes e contra-correntes que correm livres em natureza...
Andas sozinho, andas no meio de uma multidão de 1000 pessoas e sentes.te só!

De repente páras...
Encontras um espelho no meio de uma rua escura...
E reparas que és apenas uma máscara de ti próprio, uma máscara branca...
E reparas que seguras nas mãos um guião duma peça que não é a tua, onde o papel principal é delegado para segundo plano... e tu constróis uma personagem figurante!

Olhas para o fim da rua...
E desenhas todas as tuas fotografias de tudo o que foste não sendo!
E pintas todas as aguarelas de nevoeiro que foste não sendo!

No fim da rua existe um clarão...
Nesse fogo está a sociedade de que foges, aquela sociedade que te maltrata por não te respeitar, aquela sociedade que temes a tempo inteiro, não por vergonha, mas por motivos!

Caminhas em direcção á luz...
Não tens de gritar em desabafo público aquilo que sentes...
Apenas tens de sonhar que podes sentir o que és... viver essa realidade...

No fim da rua...
A máscara caiu
e foste tu...
e tao simplesmente...
SOU EU!

Adeus que já vou tarde!

O tempo passa e tudo parece ser insuficiente para o fazer parar.
O tempo não pára e cada vez mais longe parece estar.
Se eu pudesse agarrar aquele insuportável ponteiro dos segundos, a vida seria tão mais fácil...
Por outro lado, tão mais monótona...
Mas o que eu queria hoje, era mesmo parar o tempo, fazer com que parando o presente, remediasse o passado, para facilmente fazer o futuro!

Que ilusão!
Vou voltar á vida real, onde aí o tempo nao pára...
ADEUS, que já vou tarde!

Caso GISBERTA

Porto, 19 de Fevereiro de 2006... Gisberta Salce Júnior foi brutalmente assassinada por um grupo de 14 jovens entre os 12 e os 16 anos.

Aparentemente será mais uma notícia de primeira página que cairá no esquecimento das pessoas desinteressadas por um Mundo melhor. Se não o for ficarei radiante de esperança!

Gisberta era uma transsexual brasileira que vivia nas ruas da cidade do Porto, onde se prostituia, e onde se encontrou de frente com a violência da toxicodependência, com a crueldade da Tuberculose e com o agonizante facto de ser seropositiva.

Os assassinos são Crianças de Risco, entre os 12 e os 16 anos, que são acolhidos nas oficinas de São José, uma instituição de apoio a menores do Porto.

Gisberta passava as noites, num armazém inacabado no campo 24 de agosto no Porto... e foi nesse preciso local que foi cometido um homicídio brutal, cruel, onde a dignidade da pessoa humana foi reduzida a pó, cinza e nada...
O grupo dos adolescentes, aproveitando a debilidade da vítima, espancaram-na, pontapearam-na, despiram-na, introduziram-lhe paus no ânus, numa tela de violência sem limites, numa autêntica profanação da dignidade e do respeito... e não se contentando com o desespero de um ser indefeso e violentamente violado, ainda tiveram o sangue frio de atirar Gisberta para um poço com mais de 10 metros... onde morreu com a dignidade própria do inexistente!

Este hediondo e odioso crime revela-nos dois problemas entrecruzados: O problema do aumento do crime e dos criminosos; e o problema da ausência de respeito por tudo o que possa ser diferente do comum! O respeito é o valor humano mais esquecido desde que o próprio ser-humano foi Criado... se analisarmos, ou até só pensarmos um pouco, dividindo a história do Mundo em épocas, não consigo encontrar uma data que me indique o respeito como valor de primeiro lugar...

Relativamente ao aumento do crime e de criminosos adolescentes, deve-se ao facto de existir no mundo inteiro uma crise de valores brutal, que nos leva a recuar ao sistema da vendetta, da vingança privada, do "olho por olho, dente por dente", onde o poder do mais forte prevalece sob o poder do mais fraco, sendo que este último é reduzido á nulidade! Afinal não evoluimos muito... continuamos a rebolar num circulo cíclico, onde a história se repete ou não sai do sítio! Podem dizer, que a vida é dura, que existem motivos que desculpam acções e despenalizam condutas... mas esse argumento cai por terra, se o ser humano tiver consciência do RESPEITO, nem que não o sigam... mas se tiverem consciência dele, não há desculpa alguma para o crime!

Gisberta era transsexual e, por isso, diferente do conceito social do comum. O transfobismo é um preconceito social tão grave como o racismo, xenofobia, homofobia e outra qualquer fobia... frutos de desrespeito pela Pessoa contra a Pessoa! E Gisberta foi morta porque era diferente, porque a crueldade do ser humano sem respeito não consentiu que ela tivesse direito á vida, quais tribunais da santa inquisição, quais chaminés nazis a fumegar...

Assusto-me com o futuro!

E no meio desta quase profecia da desgraça, pinto uma tela no meu imaginário: O ser humano em clima de guerra constante, tudo a volta destruído, cadáveres a federem no chão, a apodrecerem ao relento como trapos velhos e usados... vejo máquinas a destruirem a sensibilidade humana, a reduzirem a acção humana a zero... e por fim vejo um deserto de negro, onde um nevoeiro ácido vai corroendo todos até ao FIM!
NOSTRADAMUS? não!
Apenas uma metáfora que simboliza a ausência do respeito, e que na absurda realidade, se transforma... nisso mesmo... na realidade próxima...

Apesar disto ainda consigo sonhar com um mundo melhor... e mesmo antes de acordar, penso que se acordar... que seja com o respeito ao meu lado!

Ahh os Poetas...

Ser Poeta é ter a regra de regras não ter...
pensar mais além não saindo de onde se está...
é correr estando parado por vales surrealistas, onde a ciência morre sob o efeito de um charro a queimar lentamente...
O melhor de tudo isto...
O Poeta não percebe que tudo se revela imaginário, sente na realidade que o real não passa de absurdo, e que o absurdo será toda a vida do absurdamente real...
E entra na Poética esquisofrenia de acreditar no que diz...
Deviamos ser todos Poetas...
Mas se o fossemos, não o seriamos nunca... nunca mais!