terça-feira, julho 11, 2006

Caso GISBERTA

Porto, 19 de Fevereiro de 2006... Gisberta Salce Júnior foi brutalmente assassinada por um grupo de 14 jovens entre os 12 e os 16 anos.

Aparentemente será mais uma notícia de primeira página que cairá no esquecimento das pessoas desinteressadas por um Mundo melhor. Se não o for ficarei radiante de esperança!

Gisberta era uma transsexual brasileira que vivia nas ruas da cidade do Porto, onde se prostituia, e onde se encontrou de frente com a violência da toxicodependência, com a crueldade da Tuberculose e com o agonizante facto de ser seropositiva.

Os assassinos são Crianças de Risco, entre os 12 e os 16 anos, que são acolhidos nas oficinas de São José, uma instituição de apoio a menores do Porto.

Gisberta passava as noites, num armazém inacabado no campo 24 de agosto no Porto... e foi nesse preciso local que foi cometido um homicídio brutal, cruel, onde a dignidade da pessoa humana foi reduzida a pó, cinza e nada...
O grupo dos adolescentes, aproveitando a debilidade da vítima, espancaram-na, pontapearam-na, despiram-na, introduziram-lhe paus no ânus, numa tela de violência sem limites, numa autêntica profanação da dignidade e do respeito... e não se contentando com o desespero de um ser indefeso e violentamente violado, ainda tiveram o sangue frio de atirar Gisberta para um poço com mais de 10 metros... onde morreu com a dignidade própria do inexistente!

Este hediondo e odioso crime revela-nos dois problemas entrecruzados: O problema do aumento do crime e dos criminosos; e o problema da ausência de respeito por tudo o que possa ser diferente do comum! O respeito é o valor humano mais esquecido desde que o próprio ser-humano foi Criado... se analisarmos, ou até só pensarmos um pouco, dividindo a história do Mundo em épocas, não consigo encontrar uma data que me indique o respeito como valor de primeiro lugar...

Relativamente ao aumento do crime e de criminosos adolescentes, deve-se ao facto de existir no mundo inteiro uma crise de valores brutal, que nos leva a recuar ao sistema da vendetta, da vingança privada, do "olho por olho, dente por dente", onde o poder do mais forte prevalece sob o poder do mais fraco, sendo que este último é reduzido á nulidade! Afinal não evoluimos muito... continuamos a rebolar num circulo cíclico, onde a história se repete ou não sai do sítio! Podem dizer, que a vida é dura, que existem motivos que desculpam acções e despenalizam condutas... mas esse argumento cai por terra, se o ser humano tiver consciência do RESPEITO, nem que não o sigam... mas se tiverem consciência dele, não há desculpa alguma para o crime!

Gisberta era transsexual e, por isso, diferente do conceito social do comum. O transfobismo é um preconceito social tão grave como o racismo, xenofobia, homofobia e outra qualquer fobia... frutos de desrespeito pela Pessoa contra a Pessoa! E Gisberta foi morta porque era diferente, porque a crueldade do ser humano sem respeito não consentiu que ela tivesse direito á vida, quais tribunais da santa inquisição, quais chaminés nazis a fumegar...

Assusto-me com o futuro!

E no meio desta quase profecia da desgraça, pinto uma tela no meu imaginário: O ser humano em clima de guerra constante, tudo a volta destruído, cadáveres a federem no chão, a apodrecerem ao relento como trapos velhos e usados... vejo máquinas a destruirem a sensibilidade humana, a reduzirem a acção humana a zero... e por fim vejo um deserto de negro, onde um nevoeiro ácido vai corroendo todos até ao FIM!
NOSTRADAMUS? não!
Apenas uma metáfora que simboliza a ausência do respeito, e que na absurda realidade, se transforma... nisso mesmo... na realidade próxima...

Apesar disto ainda consigo sonhar com um mundo melhor... e mesmo antes de acordar, penso que se acordar... que seja com o respeito ao meu lado!

3 comentários:

Unknown disse...

http://www.youtube.com/watch?v=61VLuNc1AE4

Nossa amiga foi eternizada nesta canção. Viva Gisberta!

Unknown disse...

As pessoas'nao sabem du que falam ,,,,,,,,,,,,,,,,,,,

Unknown disse...

As pessoas'nao sabem du que falam ,,,,,,,,,,,,,,,,,,,