quarta-feira, janeiro 03, 2007

A Gaiola do Mundo


Mais uma noite arranhado e preso a mim mesmo com uma vontade incansável de me soltar desta prisão... Queria tanto provar um pouco do teu sangue, absorver-te como faço quando aspiro a cocaína numa sensação de devaneio brutal pela vida boémia na mais pura violação das fossas nasais. Gostava se calhar de te poder apenas olhar e ter vontade de apenas te morder um pouco. Entregar-me num beijo a ti...
Ah como o mundo é tão cruel.
Sinto que tenho de mostrar quem não sou, mostrar que não mordo, mostrar que sou um ser sociável, alguém de quem todos temos de gostar... e no entanto estou cativo da minha liberdade. Eu nasci para ser livre, homem de todos e da humanidade, uma entrega em constante ascensão, um elevador ao céu e ao inferno...
A sociedade fechou-me na gaiola para ser domesticado tal como um pássaro sem espaço para voar.
gosto de tentações e de provocações.
Que me esfreguem a sensualidade em profundos gestos de força e sensibilidade...
um carinho de um beijo apenas para mostar o que há de canibal em mim...
Quem sabe gostarei de comer as carnes da Alma, aquelas entranhas que se sentem como apertos de coração.
Mas não fisicamente...
Gosto de me despentear e descontrolar, sentir a respiração acelarada no gesto de te dominar, de te sufocar num beijo tão profundo como o amor que existe em mim, mas que está preso nesta caixa de pandora... como se fosse uma cona e seus pecados, num cheiro intenso a sexo em dias e noites que não terminam...
Libertem-me do mundo, o olhar de raiva de não ser perfura o dever ser... para quê morrer se poderei viver, mas viverei apenas segundo aqueles que caso vivesse claramente, seriamente me matariam...
Que fazer?
liberdade liberdade liberdade...
só existe na morte após o sorriso do último suspiro.


(photo by: David LaChapelle)

1 comentário:

Beno disse...

E o problema é que quem nos prende somos nós.